26 de novembro de 2014

É FARDO, É ESCRAVIDÃO, MAS TAMBÉM É PODER



A etimologia da palavra poder está longe de significados como influência supremacia, soberania, prestigio . Poder, no original grego, corresponde a “dínamo”, que significa dinamizar a vida. O advogado e etimólogo Lutero Paiva, de Maringá, explica que o dínamo se tornou uma peça de gerar energia. Antigamente as bicicletas tinham luz a partir de um dínamo colocado próximo à roda e quando a pessoa pedalava essa peça rodava e gerava energia. A energia gerava luz. Transportado para o mundo sociológico e antropológico o dínamo é a ideia de que o poder ilumina.
Em qualquer que seja a categoria, o poder é buscado mais que a própria vida, segundo Lutero Paiva, pois tudo ou grande parte das situações, seja das soluções ou dos problemas, decorre disso. O poder de fazer, o poder de ser, o poder de decidir, o poder de influenciar. “A essência do conflito social está resumida na questão do poder. Se analisarmos o contexto, as religiões que mais prosperam em termos numéricos são aquelas em que seus líderes se dizem cheios de poder, mesmo que não façam nada do que dizem fazer.” Em regra, diz ele, ninguém quer chegar perto de uma pessoa raca.
O religioso prospera a sua mensagem dizendo-se poderoso e até atrai aqueles que se sentem fracos. “No mundo onde as igrejas estão avolumadas de pessoas, pode-se dizer que ali tem um grande número de pessoas fracas, que se aproximam de uma fonte de dínamo, achando que a pessoa que está conversando com elas ou prometendo algo, tem realmente o poder que diz ter para resolver os próprios problemas, os delas, ou os dos outros ouvintes.”
Já no universo politico, o poder é marcado pela disputa. Max Weber considera que no Estado existem três diferentes tipos de dominação e poder: o carismático, no qual a obediência é fruto do carisma do líder; o tradicional, onde os indivíduos obedecem às tradições de poder; e o racional-legal, onde a obediência é fruto de normas que são estabelecidas de forma legal, racional e burocrática.
O poder, para Weber, significa a viabilidade de impor a própria vontade dentro de um contexto social, mesmo que haja resistência em qualquer fundamento sobre essa probabilidade. Quando menciona fundamento, ele se refere a alguns recursos indispensáveis para a legitimação desse poder. Ou seja, é preciso ter algo superior em relação aos outros para que se possa mandar.
O poder, quando conquistado muitas vezes também exige e escraviza. Lutero Paiva ressalta que embora abstrato, o poder exerce a escravidão sobre aquelas pessoas que o detêm. “No mundo político é assim, a pessoa se encaminha dentro dessa proposta, e para exercer o poder tem de se enfraquecer diante dele”, afirma o advogado.

Marcela Cruz

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