26 de novembro de 2014

AS SETE NOTAS PARA A CURA




  A música tem o poder de ultrapassar a simples audição e chegar até o universo dos sentimentos, pois, de diferentes formas, está ligada a momentos de nossa vida. Quem nunca ouviu uma canção e se lembrou de algum momento ou pessoa? Uma música não é apenas transmissão de sons, mas também de sentimentos e consciência. Existem melodias que nos dão mais confiança, outras nos acalmam, nos alegram ou entristecem. Cada uma tem poder de exercer efeito diferente em cada um de nós.   Existem tratamentos psicológicos que utilizam o poder curativo da música. É o caso da musicoterapia, que envolve som, ritmo, melodia, timbres, harmonia e pode ser realizada individualmente ou em grupo. Foi logo após a Segunda Guerra Mundial que a musicoterapia surgiu. Soldados começaram a levar música para dentro dos hospitais, na tentativa de amenizar a dor e o sofrimento em meio à guerra, proporcionando um tipo diferente de reabilitação e reinserção social dos sobreviventes do conflito. Os resultados foram tão surpreendentes que a musicoterapia se tornou uma disciplina da medicina.   Ainda há pouca literatura sobre a influência da musicoterapia ou do fazer musicoterapêutico no corpo humano, como explica a secretária geral da União Brasileira de Associações de Musicoterapia (Ubam), Magali Dias, terapeuta com especialização em neuromusicoterapia: “o que temos desenvolvido em nossa literatura científica são os efeitos da música e do fazer musical no indivíduo como um todo.”   Magali conta que alguns autores especificam como a utilização de cada instrumento ou técnica musical pode afetar nosso organismo. “Cada grupo de instrumentos tem seu potencial de trabalho. Por exemplo: os metais, triângulo, pratinelas e chocalhos ajudam na manutenção da atenção e regulação do impulso, coordenação e independência das mãos. As madeiras permitem o desenvolvimento da atenção, do domínio de si mesmo e refletir sobre o gestual. Já as peles estendidas, como pandeiros tambores e timbas são utilizados nas expressões das emoções e dos impulsos catárticos.”   Assim como o médico faz a prescrição de remédios, o musicoterapeuta utiliza sons de acordo com cada pessoa e sintoma. “Por exemplo: Mozart estimula a criatividade da criança; Beethoven é ótimo para a concentração; Sebastian Bayer é bom para quem está em depressão ou com autoestima baixa, explica João Cezar Parizotto, 53, formado em musicoterapia pela Faculdade Paulista de Artes. Segundo a musicoterapeuta Magali, não existe bula ou receiturário de músicas para ficar alegre ou abaixar o humor eufórico. Existe um indivíduo que escuta e absorve a cultura musical à volta dele e por ela é influenciado. Assim, a cada sessão, e para cada paciente, é utilizado um tipo ou vários tipos de músicas.   Há sete meses fazendo musicoterapia, Tácia Rocha, 29, Mídia em uma agência de publicidade, começou o tratamento para ter um equilíbrio e harmonia emocional. “Tenho uma personalidade inquieta e um trabalho mental intenso. Com a rotina, isso se intensifica. A musicoterapia vai na contramão, proporcionando serenidade e introspeção, alivia o stress e nos desacelera. Com isso, sinto efeito imediato de calmaria e harmonia do meu corpo com o movimento da natureza, que é mais organizado e sereno.”
  O tempo de tratamento é determinado de acordo com a situação do paciente e as metas que se quer atingir, explica Magali Dias. “Depois de discutidas essas metas, é previsto um tempo para que as mesmas sejam atingidas. Cada paciente e cada tipo de intervenção tem seu tempo de tratamento diferenciado”, completa.
  Segundo Tácia Rocha, a prescrição do médio é feito a partir de um breve conversa e a partir disso, será decidido qual tipo de tratamento será utilizado. “O meu musicoterapeuta sempre utiliza o diálogo no início das sessões para investigar como estão meus sentimentos, quais os acontecimentos que estou vivenciando naquele momento.”
  A musicoterapia é utilizada para a prevenção e reabilitação de pacientes, mas, segundo Parizotto, existem casos de cura efetiva de algumas doenças. “Conheço curas de alguns órgãos por meio de aparelhos que passam frequência em hertz. O aparelho também harmoniza o órgão. Por exemplo: melhora o problema do rim e, junto, melhora a bexiga; ou utilizo uma frequência para o baço, que melhora o diabetes e até cura.”
As melodias, quando bem selecionadas pelo terapeuta, tiram o foco do problema, acionam neurotransmissores relacionados ao prazer e, ainda, promovem a liberação de endorfina.
  Tente sozinho, coloque uma música que você adora e fique de olhos fechados, se solte. O poder da música e deste pequeno ato será incrível.

Juliana Duenha

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